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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Henry Darger:o artista bruto por trás das "Vivian Girls"

Henry Darger era guarda em um hospital de Chicago.Reservado,viveu em um quarto alugado por trinta anos,e só saía dele para trabalhar e ir à missa.Em todo esse tempo,Darger não recebeu visitas.Era considerado um homem misterioso e desconhecido pelas pessoas,que só sabiam de sua estranha mania de apanhar lixos e levar para casa.
Até aí nada de mais:Um insano que gostava de reciclagem,ou quem sabe um guarda que gostaria de ter sido coletor!
Mas foi quando ficou impossibilitado de subir escadas é que se descobriu o espantoso mundo secreto que construíra ao longo de décadas.Cetenas de desenhos e colagens;pilhas de papéis revista;imagens recortadas.Como se não bastasse o extraordinário acervo particular de arger,encontrou-se aquela que é,até os dias atuais,a mais longa obra de ficção escrita:The Story of the Vivian Girls, in What is Known as the Realms of the Unreal, of the Glandeco-Angelinian War Storm Caused by the Child Slave Rebellion,com 15.145 páginas.Darger escreveu ainda uma autobiografia com 5 mil páginas.





Arte bruta

A arte incomum ou art brut foi cunhada pelo artista fracês Jean Dubuffet,em meados de 1940,quando ele começa a colecionar obras feitas por indivíduos desprovidos de cultura artística,primitivos,iletrados ou delirantes,como a arte produzida por pacientes de hospitais psiquiátricos.Dubuffet defini:"Produções de toda especie - desenhos,pinturas,bordados,modelagens,esculturas,etc,que apresentam um caráter espontâneo e fortemente inventivo,que nada devem aos padrões culturais da arte,tendo por autores pessoas obscuras,estranhas aos meios artísticos profissionais".
Para Dubuffet um artistas símbolo da arte bruta é Adolf Wolfli:

    Da mesmo forma,pode-se notar a semelhança  entre a obra de Carlos Pertuis e uma antiga placa votiva,admitindo que essas imagens surgem das regiões denominadas por Jung como inconsciente coletivo:


Carlos Pertuis-1951
óleo sobre papel
46 x 67 cm



Sacrifício para a divindade serpente-
placa votiva
Sialesi (Eteonis) Beócia





A importância da arte para esquizofrênicos


     A comunicação com o esquizofrênico,se realizada em nível verbal,terá poucas chances de êxito.É aí que há a necessidade de uma comunicação em nível não verbal,pois somente dessa forma,será possível a expressão de vivências não verbalizáveis,por indivíduos que se encontram mergulhados no inconsciente,no mundo arcaico dos pensamentos.Dentre as vária atividades que podem ser realizadas pela terapia ocupacional,a pintura é uma das que permite mais fácil acesso ao mundo interno dos esquizofrênicos.Ao dar forma as suas emoções através da arte,o indivíduo despotencialíza as imagens que o amedrontavam anteriormente e objetiva forças autocurativas,que se movem em direção à consciência,ou seja,à realidade.
    Pinturas de um mesmo autor,se analisadas em série,revelam a continuidade no fluxo de imagens do inconsciente.Podemos encontrar nas imagens dos esquizofrênicos significações paralelas a temas mitológicos.Isso porque a peculiaridade da esquizofrenia reside na emergência de conteúdos arcaicos que configuram fragmentos de narrações mitológicas.
     É o caso de Carlos Pertuis,que na ultima fase da sua vida produzia pinturas que giravam,cada vez mais,em torno do tema mítico do sol (mithra):



Carlos Pertuis-Lápis e cor sobre papel-1975



   Mithra é um deus solar e herói,cujo mito narra a dolorosa procura da consciência que o homem de todos os tempos vem representando sob mil faces.O obra de Carlos Pertuis se assemelha muito com o baixo relevo antigo:






Mithra-baixo relevo